Como se preparar para um futuro profissional incerto?
Por Marcos Yabuno Guglielmi
O futuro do trabalho já era alvo de muitos estudos, palestras e conferências pelo mundo afora. Com a pandemia, o assunto ganhou ainda mais relevância. Especialistas são unânimes ao dizer que estamos vivendo o fim da era dos empregos para a entrada definitiva na era do trabalho. Isso quer dizer que registros em carteira, vale-transporte, alimentação e batidas de cartão de ponto parecem mesmo estar com os dias contados. Mas, calma, não há motivo algum para pânico.
Sempre houve e sempre haverá alguém disposto a pagar para outra pessoa fazer aquilo que ele não gosta, não sabe, não quer ou não consegue fazer sozinho. E essa é a oportunidade ideal para a oferta de um trabalho remunerado. Ou seja, é bem provável que, num futuro não muito distante, você se torne uma pessoa jurídica, emitindo notas fiscais para várias pessoas físicas ou mesmo empresas que precisem dos seus serviços. Pode ser que você até ganhe mais dinheiro dessa forma, mas, inevitavelmente, ganhará mais trabalho também.
Se você é o dono do seu “nariz”, precisa assumir várias funções simultaneamente. Por exemplo, não adianta ser um excelente técnico, se não souber como e para quem vender os seus serviços. Não adianta vender e entregar bem, se não conseguir administrar suas próprias finanças, entendendo que a vida de um empreendedor é feita de altos e baixos. E também não vai adiantar fazer tudo isso muito bem se você não reservar um tempo para se manter atualizado na sua área de atuação.
Sendo assim, para se preparar para um futuro do trabalho completamente incerto, profissionais de todas as áreas deverão investir constantemente no desenvolvimento de suas habilidades técnicas e comportamentais, as chamadas hard e soft skills. É bom também já ir se acostumando com o conceito de lifelong learning, que significa que teremos que estudar para sempre, buscando o que muitos especialistas chamam de reskilling, ou a necessidade de atualização constante das habilidades profissionais.
Caso você ainda seja do tipo que acredita que um diploma em uma universidade de primeira linha irá te garantir um futuro tranquilo, sinto em lhe informar que você está bastante atrasado. Foi-se o tempo em que tínhamos um mercado de trabalho linear, onde se entrava como estagiário e depois se ia galgando o crescimento para analistas júnior, sênior, pleno, coordenador, gerente, diretor e, para pouquíssimos, as almejadas cadeiras de vice ou presidente. Tudo isso, de preferência, dentro de uma mesma empresa, ao longo de 20, 30 ou até 40 anos.
O grande desafio dos profissionais que já tem uma carreira estabelecida é que eles receberam esse tipo de instrução ao longo de toda a sua vida escolar e agora se deparam com uma realidade um tanto quanto distante de tudo aquilo para o qual eles foram preparados. É quase como estudar para uma prova por anos e, na hora H, alguém virasse para você e dissesse: “esqueça, agora não é mais assim”. A sensação de estar absolutamente perdido é totalmente compreensível.
E o problema maior é que ninguém sabe dizer ao certo como vai ser. As regras mudaram no meio do jogo, mas ninguém é capaz de falar “vá por aqui”, “faça dessa forma”, “isso será assim a partir de agora”. As regras estão sendo construídas com a bola em campo. É tudo ao mesmo tempo e agora. Não existem mais cartilhas ou manuais que conduzam um profissional ao pódio. De agora em diante, será tudo uma questão de tentativa e erro.
Por isso, quanto maior a sua resiliência e capacidade de adaptação, as suas hard e soft skills, mais fácil será construir uma carreira de sucesso em um futuro incerto. Esquecer os roteiros pré-estabelecidos e as antigas fórmulas é o primeiro passo para encarar a nova realidade. As habilidades a serem desenvolvidas vão variar muito de um profissional para outro, mas de um modo geral, o mais importante é entender que sua vida profissional depende de pequenos esforços diários e contínuos. Estar preparado (independentemente do que isso queira dizer no seu caso) para aproveitar as oportunidades é o que vai fazer a diferença.