Isolamento social causado pelo novo coronavírus faz disparar o uso da telemedicina

Aliada ao combate à pandemia, a telemedicina permite atendimento de pacientes com sintomas leves de Covid-19 e de outras doenças, evitando o uso desnecessário de hospitais

O distanciamento social recomendado em função da pandemia causada pelo novo coronavírus está ajudando a aumentar o uso da telemedicina. A legalização do atendimento médico à distância ocorreu na segunda quinzena de março de forma acelerada. Primeiro, o Ministério da Saúde publicou a Portaria n.º 467/2020, em 20 de março.  Na sequência, o Congresso Nacional aprovou rapidamente o Projeto de Lei 696/2020, que aguarda sanção da lei  pelo presidente Jair Bolsonaro .

Demanda de médicos e pacientes e realidade em outros países, a telemedicina é aliada ao distanciamento social e ao combate à pandemia, pois permite atendimento de pacientes com sintomas leves de Covid-19 e de outras doenças, evitando o uso desnecessário de hospitais. Além disso, com o prolongamento do isolamento, as pessoas precisam manter as rotinas de cuidados médicos, o que torna  a telemedicina essencial neste momento.

Tecnologias que possibilitam que o atendimento médico feito remotamente seja criptografado, além possibilitar o registro de um prontuário eletrônico e também a possibilidade de prescrição digital para facilitar a compra de medicamentos têm sido muito procuradas. Isso possibilita que todo processo, do agendamento até a compra do medicamento, seja feito pela internet.

Esse é o caso da ferramenta da iClinic, startup especializada em desenvolvimento de tecnologia para clínicas médicas, que acaba de lançar uma plataforma de telemedicina, para teleorientação e teleconsulta. Em apenas uma semana, a solução já está disponível para a utilização de mais de 8.700 usuários.

Além disso, com o objetivo de digitalizar outras etapas do processo, a iClinic incorporou à sua solução para telemedicina a plataforma digital de receita médica da Memed, líder no mercado em prescrição médica digital. Com isso, o paciente recebe sem custo algum a receita digitalmente em seu celular. “A pandemia do coronavírus está nos fazendo viver um momento único, impactando diretamente o setor da saúde. Acreditamos que o uso de tecnologia deve ter um papel crucial para fazer a diferença. A Memed, por meio das receitas digitais, ajuda o atendimento médico de pacientes de forma presencial e à distância, que recebem a prescrição diretamente no celular, facilitando a interpretação, a compra dos medicamentos e a adesão ao tratamento, principalmente em um momento de isolamento como este que estamos vivendo”, ressalta o CEO da Memed, Ricardo Moraes.

Na prática

Para o médico João Paulo Nogueira Ribeiro, que também atua na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, a telemedicina ajuda a evitar que os pacientes com simples sintomas de gripe, Covid-19 ou ainda de outras doenças crônicas procurem os pronto-socorros de forma desnecessária. “Com isso, não sobrecarrega o sistema e também deixa os pacientes em segurança, já que não são expostos, evitando novas contaminações”.

Segundo ele, o fato de a iClinic já atender o setor médico com outros produtos dá mais credibilidade. “Ao mesmo tempo, a plataforma é de fácil usabilidade, já que basta acessar um link. Meus pacientes, em sua maioria idosos, só precisaram de ajuda de uma pessoa mais nova no primeiro acesso”.

Hoje a iClinic conta com quatro produtos específicos em sua plataforma: marketing médico; recepção (focado em agendamento de consultas); prontuário eletrônico (software utilizado para histórico e integrado à prescrição); e gestão (utilizado no faturamento de consulta e procedimentos com operadoras, recebíveis, contas a pagar e controle de estoque). “Por meio do iClinic Marketing mais de 300 mil pacientes foram impactados com orientações sobre a Covid-19”, detalha Lourenço.

Facilitação e ajuda

No período de lançamento, o médico interessado em aderir à tecnologia iClinic vai ter condições especiais de valores para conhecer a plataforma e seus benefícios.  Além disso, quem ainda não for cliente, receberá gratuitamente a assinatura por dois meses um combo com alguns dos outros softwares da empresa, necessários para a completa gestão do consultório médico (recepção e prontuário). “Os usuários não pagam taxa de instalação, não há prazo de fidelidade e nem de duração do contrato. Acreditamos no produto e queremos fidelizar pela qualidade”.

A empresa também está doando sua tecnologia para determinados grupos de profissionais que estão atuando diretamente contra o surto da Covid-19 no país. “Até o fim de abril, a iClinic vai liberar gratuitamente a nova ferramenta para alguns grupos de profissionais e projetos sociais que estão trabalhando diretamente na linha de frente de combate ao coronavírus”, explica Lourenço.

O executivo explica que a empresa já desenvolve um sistema de pagamento integrado. “Hoje o paciente pode pagar a consulta pelos meios tradicionais: transferência bancária, DOC e TED, ou ainda faturar para a operadora com uma foto da carteira do plano de saúde do paciente, mas, em breve, os médicos poderão receber por cartão de crédito e boleto”.

Embora a portaria libere a telemedicina durante a pandemia do novo coronavírus, Lourenço diz acreditar que o atendimento médico à distância no Brasil veio para ficar, já que é uma antiga demanda, tanto de médicos, quanto de pacientes. “A telemedicina já é realidade em muitos países, como boa parte dos da Europa, na China e nos Estados Unidos”, acrescenta Lourenço.

De acordo com o texto do Projeto de Lei, a telemedicina será autorizada para qualquer atividade da área da saúde. O uso de tecnologias de informação e de comunicação, como videoconferências, poderá ser destinado a serviços oferecidos por médicos de diferentes áreas para casos que não sejam de emergência ou que independem de exame físico, além de nutricionistas e psicólogos.

“Antecipamos o lançamento para atender a alta demanda. Muitos médicos de consultórios deixaram de atender em razão da pandemia e do distanciamento social. Além da grande demanda de médicos, também fomos procurados por laboratórios farmacêuticos que querem adquirir assinaturas para distribuir para sua rede de relacionamento ou investir no produto”, complementa o CEO da startup.

Ao todo, a startup já captou R$ 10 milhões em rodadas de investimento. Entre os investidores, há o executivo Pedro Moll, da família fundadora e controladora da Rede D’Or São Luiz, o maior grupo de hospitais do País.

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