ITI leva sua expertise ao Assespro Summit 2019

Realizado no dia 17 de junho, em São Paulo (SP) e organizado pela Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro-SP), o Assespro Summit 2019 contou com apoio do Instituto Tecnológico Inovação (ITI) e as participações de Sonia Alakaki, gestora do Programa de Inclusão Social do ITI e Conceição Monteiro, consultora do Programa de Inclusão Social do ITI e diretora da Accessible Consullting.

Em sua segunda edição, o evento promoveu debates para mostrar insights que contribuam para o fomento do mercado, em especial o setor de TIC (Tecnologia, Informação e Comunicação) a partir de políticas públicas, tecnologia, inovação, LGPD, startups, além de investimentos, mão de obra para setor de TIC, smart city e acessibilidade digital nos ambientes público e privado.

Sonia Alakaki, abriu a participação do ITI, apresentando as soluções, cursos e oficinas desenvolvidas pelo instituto, através da ótica moderna, que têm como objetivo além da formação técnica, a formação para o mundo do trabalho. Segundo Alakaki, essas competências se formam com a soma de habilidades que garantem ao profissional uma carreira de sucesso, somadas a itens como ética, postura, criatividade e iniciativa. “Isso garante a sobrevivência e sucesso na carreira que ele vai construir. O objetivo é formar o profissional como um todo, independente se possui ou não deficiência. Nas nossas capacitações, iniciamos com estes aspectos comportamentais, antes de partir para a parte específica da formação”, destacou.

O ITI oferece desde cursos básicos a avançados e os projetos sociais atendem pessoas com deficiência e em situação de vulnerabilidade social. Uma estatística feita sobre as atividades promovidas pelo instituto na área de tecnologia, revela que neste ano, de 1.200 pessoas atendidas, 80% são curiosos, 10% têm o conhecimento prévio, isto é, ele manuseia o smartphone, manda mensagem, navega nas mídias, mas não conhece a informática e tecnologia em si. Apenas 5% realmente detém algum conhecimento em algumas das ferramentas. Em relação a população de pessoas com deficiência, 61% não têm educação formal; 6,6% são de nível superior e o restante tem o ensino fundamental e médio completo ou incompleto. “Identificamos um campo muito grande para realizar essa formação, voltada para um público de jovens e principalmente de mulheres que na realidade desconhecem a área da tecnologia. Muitos dos empregos e carreiras nos próximos 10 anos, dependerão de conhecimentos e habilidades em ciência, tecnologia, engenharia e matemática, conhecidas pela sigla STEM”, observa Alakaki.

Alakaki, finaliza ressaltando a importância das parcerias na aplicação dos cursos promovidos pelo ITI. “Temos parcerias no setor público e privado, nacionais e internacionais, como por exemplo: parceria com a The Trust for The Americas; também focada na preparação para o mundo do trabalho, OEA, Microsoft, Cisco, Nexthea. Além de participação com projetos nos espaços públicos com o Digilab, em parceria com a Prefeitura de São Paulo; o qual trata-se de uma ressignificação do antigo Telecentro, onde os usuários têm um espaço livre colaborativo e de inovação, que incentiva o trabalho e o conhecimento compartilhado, valorizando a cocriação, a criatividade e promovendo a inclusão social e digital do cidadão. Os cursos e palestras seguem a trilha do conhecimento onde se trabalha as competências socioemocionais, TICs com a vertente do empreendedorismo”, concluiu Alakaki.

Inclusão e Acessibilidade

Conceição Monteiro, deu sequência na participação do ITI, falando de inclusão, acessibilidade e legislação. A consultora apresentou algumas estatísticas que refletem a situação da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. Segundo os dados do último estudo do IBGE, em 2017 havia 46 milhões de empregos formais, sendo quatro 4 mil empregos ocupados por pessoas com deficiência. “Isso revela uma disparidade muito grande, menos de 1% de inclusão”, observa. Em 2018, eram 720 mil vagas em geral, abertas no mercado para pessoas com deficiência e apenas 418 mil ocupadas. “Temos o mercado carente de profissionais com deficiência, para serem incluídos ou capacitados, mas a informação não chega até eles. Ou quando chega, eles têm a competência para trabalhar, mas não as tecnologias necessárias para desempenhar as tarefas de uma forma produtiva dentro da empresa”, destaca.

Ela também apresentou um levantamento feito pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) na área de tecnologia, com base no CNAE (Classificação Nacional de Atividade Econômica) de atividades voltadas a essa área. Segundo o levantamento, de 98,4% de profissionais trabalhando na área, 1,16% correspondem a profissionais com deficiência. “Há uma disparidade grande de pessoas com deficiência que podem atuar no mercado, mas não chegam lá. Às vezes a pessoa chega, tem a competência, condições de trabalhar, mas a empresa ou a própria pessoa não tem como adquirir a tecnologia necessária para desempenhar a sua atividade”, avalia.

Dimensões de acessibilidade

São dimensões necessárias em uma empresa para uma pessoa desenvolver seu trabalho. Para Conceição Monteiro, acessibilidade vai além de instalar rampa ou elevador e essas dimensões devem ser contempladas para incluir de fato a pessoa com deficiência na empresa.

Acessibilidade Comunicacional: elementos necessários para a comunicação. O que é preciso ter para poder estabelecer a comunicação com qualquer funcionário que tenha deficiência ou não: interprete de libras, aplicativo por meios de voz digitalizados para uma pessoa com deficiência visual;

Acessibilidade Programática: como a empresa divulga dentro do seu ecossistema suas normas, leis e regimentos. As pessoas com deficiência estão contempladas, conseguem ter acesso a esse regimento de uma forma acessível;

Acessibilidade Metodológica: como o departamento de recrutamento e seleção da empresa lida com as normas e orientações para recrutar funcionários com deficiência. As normas estão estabelecidas. Os profissionais estão treinados, entendem as dificuldades de acesso de comunicação que podem acontecer com cada pessoa com deficiência. Estão previstos os recursos e tecnologias necessários de modo a garantir que o processo seletivo ocorra de maneira equitativa para qualquer candidato;

Acessibilidade Instrumental: quais ferramentas o funcionário precisará para poder desempenhar o seu trabalho com sucesso e produtividade;

Acessibilidade Natural: com a disponibilidade de trilhas acessíveis com a utilização de tecnologias para pessoas com deficiência, no desenho de trilhas acessíveis, bem como cadeiras adaptadas em praias acessíveis e programação com bicicleta para pessoas cegas, por exemplo;

Acessibilidade de Atitude: considerada por ela, a dimensão mais importante e ao mesmo tempo mais simples, trata da falta de informação por parte das empresas sobre o conceito de acessibilidade e preconceito. “A empresa pode ser totalmente adaptada com todas as dimensões de acessibilidade, mas se não souber lidar, não entender nada do conceito, não for buscar informação de quem é a pessoa com deficiência, do que necessita e não conversar com ela sobre isso, não vai adiantar nada”.

A consultora finaliza o tema, destacando que a pessoa com deficiência pode ser altamente capaz e ter uma performance excelente, mas precisa ter a adequação necessária para desempenhar seu trabalho. “A empresa poder ser a mais acessível do mundo, mas se não tiver a tecnologia necessária, as pessoas com deficiência não vão conseguir ter um bom desempenho como qualquer outro funcionário. Este cenário dificulta o acesso das pessoas com deficiência às empresas”.

Tecnologia inclusiva

O que diz a legislação brasileira sobre tecnologia e inclusão também ganhou destaque na apresentação de Monteiro. Segundo ela, o Brasil é um dos mais avançados em termos de lei nessa área e a legislação vem para garantir tudo o que fora apresentado anteriormente: acessibilidade, direito ao trabalho, transporte adaptado e inclusão tecnológica. “O Brasil ratificou a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência. A partir daí veio a Lei Brasileira de Inclusão que materializa uma série de direitos conquistados pelas pessoas com deficiência”, avalia.

Em relação a acessibilidade digital, a Lei Brasileira de Inclusão tem um artigo específico sobre tecnologia da informação e acessibilidade, e garante a comunicação da pessoa com deficiência em qualquer ambiente. Além do decreto federal que fala da acessibilidade de atendimento preferencial, a Lei de Cotas estabelece que toda empresa com 100 ou mais funcionários, deve ter um percentual de 2% de pessoas com deficiência e acima de mil funcionários, 5%. “Temos mais vagas abertas do que pessoas incluídas. Por isso muitas empresas não atingem a cota e alegam não encontrarem no mercado pessoas com deficiência aptas a trabalhar. Em outros casos, existem as pessoas prontas, mas o que a empresa não entende muitas vezes é a necessidade da acessibilidade de transporte, ferramentas e adequações para chegar ao trabalho e desempenhar sua atividade com qualidade. Segundo pesquisas, a maioria das empresas quando contrata pessoas com deficiência, recruta para cargos de auxiliar ou de ajudante. São poucas empresas que realmente selecionam para qualquer cargo e divulgam no mercado a vaga para pessoa com deficiência. Ainda há um preconceito bastante considerável”, defende.

Desafios

A consultora explica que o setor de TIC representa 6,5% da economia global e responde por 100 milhões de emprego, segundo a WITSA, e o acesso a TIC é um direito garantido pela convenção de direitos da pessoa com deficiência pela Lei Brasileira de Inclusão. Para ela, o setor de tecnologia é um setor pujante, em franco desenvolvimento, com muitas vagas em aberto e com falta de gente preparada. “Identificamos na nossa prática de projetos sociais, muitos talentos inexplorados. São pessoas que chegam com uma formação boa, mas estão escondidas e precisam de desenvolvimento. Precisamos dar vistas, colocar uma lupa, divulgar programas de capacitação e qualificação para que tenham a chance de participar de forma competitiva e com preparo”, enfatiza.

Finalizando a participação do ITI no evento, Conceição lança um convite aos participantes: “Temos o acesso a TIC como direito em um mercado que está em franco progresso e precisa de pessoas preparada para trabalhar. A sugestão é que desenvolvamos iniciativas de educação e formação profissional, de curto, médio e longo prazo. Façamos arranjos produtivos entre academia, instituto, empresas, iniciativa pública, para desenvolvermos modelos que realmente possam formar esses profissionais com a tecnologia acessível, inseri-los no mercado e impactar também o número de vagas na área de tecnologia”.

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